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Mostrando postagens de 2017

A SICÍLIA MUÇULMANA: ACENSÃO E QUEDA DO ISLAM NA ITÁLIA

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Por Firas Al-Khateeb Quanto ao tema do Islam no continente europeu, o foco é geralmente exclusivo para o período em que a Espanha foi muçulmana, a Al-Andalus, que durou de 711 a 1492 (e com uma população minoritária muçulmana que permaneceu até 1609) e o Império Otomano, que atravessou a Anatólia ao Sudeste da Europa no início do século XIV. O que geralmente é esquecido é o período de domínio muçulmano na Sicília, uma ilha ao largo da costa sul da península italiana. Foi ali que as dinastias muçulmanas governaram por mais de 200 anos e uma grande população muçulmana chamou essa ilha de casa. Este artigo explorará a ascensão do Islam na Sicília sob a Dinastia de Aghlabida, o subsequente controle muçulmano da ilha e a eventual conquista normanda do século XI. O Governo Alghabida no Norte da África A conquista muçulmana do norte da África pode ser vista como uma continuação da guerra entre os governos muçulmanos e o Império Bizantino (Romano Oriental) que remonta à vida do Profeta

ACENSÃO E QUEDA DO MUTAZILISMO

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Por: Firas Al-Khateeb O surgimento da conquista intelectual muçulmana que começou em meados do século VIII foi parcialmente um subproduto de um esforço de tradução massiva [de livros antigos] realizado pelo enorme império muçulmano. As obras do grego antigo, latino, persa e sânscrito foram traduzidas para o árabe, principalmente no Bayt al-Hikimah [Casa de Sabedoria, uma espécie de Universidade] em Bagdá. Enquanto grande parte da tradução estava no campo das ciências empíricas, algumas delas tinham a ver com as idéias filosóficas [comuns] no antigo mundo grego. As obras de Sócrates, Aristóteles e Platão foram traduzidas [para o árabe]. O resultado disso foi o desenvolvimento de uma escola de teologia baseada na razão e pensamento racional, conhecida como Mu'tazila . Origens do Mu'tazilismo O Mu'tazilismo foi um movimento teológico muito amplo e dinâmico, e, portanto, é difícil identificar exatamente onde e como começou. O que é claro, no entanto, foi o impacto do rac

SHEIK AHMED YASSIN

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Em vista do crescente conflito entre israelenses e palestinos, hoje voltamos a lembrar de mais uma importante figura na luta contra o sionismo e a ocupação ilegal dos territórios palestinos, o Sheik Ahmed Yassin (1938 - 2004), um dos fundadores do HAMAS . Infância O Sheik Ahmed Yassin nasceu em 1938 na vila de Al-Joura, próximo a cidade palestina (hoje ocupada por Israel) de Askalan (Ashkelon, no nome dado pelos israelenses). Seu pai morreu em 1943. Em 1948 ele vai para a escola pela primeira vez, mas naquele ano começa o Al-Nakba, onde os israelenses invadem as terras e força Yassin e sua família e milhares de outras pessoas a irem buscar abrigo na Faixa de Gaza, assim Yassin foi um sobrevivente desta época e aprendeu a lição de que os palestinos estavam sozinhos e dependiam deles mesmos apenas para lutar contra o sionista Israel. Yassin se graduou na escola secundária em 1958, e em 1959 ele foi ao Egito estudar na Universidade Ain Shams, onde conheceu a Irmandade Muçulmana e se

E SE NÃO HOUVESSE O EXPANSIONISMO ISLÂMICO

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Ontem, conversando com um amigo meu que foi para um país estrangeiro estudar sobre o islam, disse que o "expansionismo árabe era uma inovação (bidah)" na religião islâmica. Esse post de hoje é dedicado a essa nossa conversa. Antigamente eu costumava ler a revista Super Interessante, onde nela sempre vinha uma página com a matéria intitulada "E se..." onde eles brincavam com a história; teve várias, como "E se a Alemanha tivesse ganhado a II Guerra", "E se o futebol não fosse nosso esporte favorito", e tantas outras. Então hoje resolvi, como historiador, fazer o mesmo, brincar com a história, E se o expansionismo islâmico não tivesse acontecido, como estaria o mundo? Apesar da relutância de meu amigo em chamar de bidah (inovação na religião) o expansionismo, até mesmo na época do Profeta (saws) houve tal, já que o mesmo posicionou suas tropas próximas ao Império Bizantino, tropas essas comandadas pelo seu fiel companheiro Osama (ra), para inic

A DINASTIA BUYIDA

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Os Buyidas (as vezes erroneamente chamados de Bawayhids devido as ambiguidades da escrita persa e árabe) foram uma das mais bem sucedidas das dinastias da época, que se originaram além da imponente cordilheira de Alborz e dominaram a política iraniana por mais de 100 anos. Os três fundadores da dinastia - irmãos Ali, Hassan e Ahmad Al-Buyit - eram de uma origem muito humilde, escalando com sucesso os passos do progresso nos exércitos de outros guerreiros e dinastias da época. Filhos de um humilde pescador de Deylaman (a região montanhosa no norte direito do planalto iraniano), Ali e seus irmãos entraram na política do norte do Irã através das disputas internas entre os vários senhores da guerra da época. Inicialmente soldados de Makan Ibn Kaki, o poderoso comandante deylamita no Khorasan, os irmãos se envolveram na competição entre Makan e seu primo, o outro poderoso comandante, Hassan Firuzan. Levando as suspeitas de Makan, eles então desertaram para o outro inimigo de Makan, Marda

O SHEIK AL-QASSAM

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O Sheik Al-Qassam é sem dúvidas o Sheik que mais influenciou a história da Palestina, não só por seu ativismo político nos anos de 1920 e 1930, bem como por sua contribuição a sociedade síria e palestina, pois estava sempre ao lado dos pobres e das crianças, um verdadeiro herói nacional. Sua importância é tanta, que o grupo Hamas, de resistência a invasão sionista, nomeou seu braço armado de Brigadas Al-Qassam , em homenagem ao Sheik. Mas quem foi esse homem? O Sheik Izz ad-Din Abd al-Qadar ibn Mustafa ibn Yusuf ibn Muhammad al-Qassam , mais conhecido apenas como Sheik Izz Ad-Din Al-Qassam, nasceu no ano de 1881 na cidade de Jableh, próximo a Latakia, na Síria, que nessa época pertencia ao Império Otomano. Durante sua infância viu os franceses e ingleses chegarem a Síria e mostrar seus interesses pelas terras. Em 1902 o Sheik foi para o Cairo estudar na prestigiada Universidade de Al-Azhar, onde em 1905 conseguiu o título de Sheik. Ainda na universidade ele começou a pregar contra

COMO O IRÃ SE TORNOU XIITA?

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Por Rafael "Hussein" Silva Historiador pela UNIPAM Especializando em História Medieval pela UNIFAI Em dias anteriores, a noite, devido a uma amiga, me deparei com um interessante texto chamado “Como o Irã se tornou Xiita‽” localizado no seguinte link: http://iqaraislam.com/como-o-ira-se-tornou-xiita/ Assim hoje, queria comentar algumas das várias questões levantadas pelo autor do mesmo, não que o mesmo esteja errado no que escreveu, mas cometeu alguns equívocos históricos no que tange a história da Pérsia medieval. Assim não há erros, apenas equívocos, ou seja, muito do que ele fala é claramente o correto, como descrições das leis safávidas, que posteriormente discutiremos. Eu estou escrevendo um livro sobre esse assunto, onde cada uma das ideias levantadas aqui serão muito mais descritivas e abrangentes sobre o assunto. No livro pretendo descrever a história e evolução da teologia xiita, assim falando claramente de cada um desses fatos. Para levantar

A HUMILDADE NO CONHECIMENTO

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Por: Rafael "Hussein" Silva (Dono do Blog) Hoje eu quero lhes falar nesse pequeno pronunciamento sobre algo que muitas e muitas lideranças dentro de nossa religião islâmica não tem, a humildade quanto ao conhecimento, e muitos desses líderes acabam agindo como sacerdotes, algo que nunca foi instítuido no islam, e colocando suas palavras como as definitivas a valer. A humildade em vários quesitos eram características de todos os Profetas (as) e principalmente do último, Muhammad (saas), que mesmo tendo frequentado pouco tempo de educação formal, que naquela época era diferente, não ficava querendo se sobressair sobre os outros. Quando lhe veio a profecia, ainda assim se mantinha humilde, não entrava em discuções com ignorantes, e quando alguém queria ser mais altivo que ele, se mantinha calmo e sereno. E com pouca formação, foi o melhor homem que já passou pela terra. Cerca de 200 anos após a morte do Profeta (saas), viveu em Basra, sul do Iraque, um homem que por 30 an