PERSONAGENS REAIS NA SEGUNDA TEMPORADA DE ALPARSLAN

 A segunda temporada de Alp Arslan Buyuk Seljuklu já começou a algum tempo, porém eu estava esperando aparecer um maior número de personagens reais para fazer essa publicação aqui, que é uma das mais bem lidas pelos leitores do site. A segunda temporada fala de temas mais conhecidos da história seljúcida, como a morte de Chagri Bey (1059), a tomada do Iraque (1055), o nascimento de Melik Shah I (1055), entre outros assuntos importantes. Por isso segue abaixo a vida real dos personagens que aparecem na temporada, e aqui não colocaremos os personagens já citados na primeira temporada que colocamos na postagem anterior, como o próprio Alp Arslan, Nizam al-Mulk, Tugrul Bey, entre outros.


Seljúcidas:

Seferiye Hatum (Século XI)

Seferiye foi uma das três esposas de Alp Arslan, e a mãe de Melik Shah I, porém ela foi a esposa que mais teve filhos com Alp Arslan. Diferente da série, Seferiye não era Karakhânida, e sim filha de um rei da Geórgia (possivelmente Bagrat IV), que se converteu ao islamismo e se casou com Alp Arslan. No século XI o Reino da Geórgia era um dos inimigos dos seljúcidas, muito por causa de sua amizade com os bizantinos, e por quererem derrubar o Emirado de Tbilisi, um enclave muçulmano circundado por terras cristãs, e que cairia logo após a morte de Alp Arslan. A fortaleza de Kuvel, que aparece na série anterior, Uyanis Buyuk Seljuklu, pertencia em realidade aos georgianos, não aos bizantinos como aparece na série.


Erbaskan Bey (Século XI)

É interessante que não se sabe em real o nome desse personagem, ele aparece gravado nas fontes turcas de três formas diferentes, Arisighi, Eresghen, e Erbaskan, porém a série usou a última forma do nome. Erbaskan era um dos filhos de Musa Yagbu, portanto era irmão de Ibrahim Yinal e sobrinho do Sultão Tugrul. De Alp Arslan ele era primo e cunhado, visto que se casou com uma de suas irmãs. Após a morte do Sultão Tugrul I em 1063, Erbaskan entrou para um grupo de soldados turcomenos conhecidos como Nawakiyya, e logo se tornou um de seus líderes. Não se sabe exatamente quem eram os Nawakiyya, porém se sabe que eram um grupo de soldados e membros da aristocracia seljúcida que se moveram para a fronteira com a Síria, e ali se tornaram um grande problema para Alp Arslan, pois Erbaskan e seus seguidores viviam se colocando ao serviço dos bizantinos e desestabilizando a ordem local. Os Nawakiyya perderam várias batalhas para Alp Arslan, e com isso os bizantinos abrigaram Erbaskan entre eles. A batalha mais conhecida de Alp Arslan, a de Manzikert (1071) foi meio que um acaso, Alp Arslan pediu para que os bizantinos devolvessem Erbaskan, porém eles se negaram, e então Alp Arslan marchou para a região a fim de ir busca-lo, porém no caminho ficou sabendo da marcha do exército sob o imperador bizantino Romano Diógenes, e com isso mudou sua rota para ir enfrentá-lo.


Kutalmish (Século XI)

Kutalmish era um guerreiro turcomeno filho de Arslan Yagbu, que fora um irmão do pai de Tugrul e Chagri Bey. Kutalmish apoiou uma revolta de Ibrahim Yinal contra o Sultão Tugrul, mas mesmo derrotado, ele esperava ser nomeado pelo sultão como seu sucessor. Quando Tugrul morre em 4 de setembro de 1063, Kutalmısh e Alp Arslan começaram a marchar para a capital Rey para tomar o trono. Kutalmish tinha a vantagem porque seu forte Girdkuh ficava mais perto da capital do que as possessões de Alp Arslan no leste. Mas o vizir de Tugrul, Kunduri, tinha medo que Kutalmish o matasse e começou a apoiar Alp Arslan. No entanto, Kutalmish e seu irmão Resul Tegin derrotaram facilmente as forças enviadas por Kunduri e sitiaram Rey em 15 de novembro de 1063. Kutalmish foi forçado a levantar o cerco para enfrentar o exército de Alp Arslan que se aproximava, e foi para o leste e derrotou as forças de vanguarda de Hacib Erdem, um comandante de Alp Arslan, em Dihinemek.

O exército de Alp Arslan estava a cerca de 15 km a leste de Kutalmish, e assim Kutalmish tentou mudar o curso de um riacho para bloquear o caminho de Alp Arslan. No entanto, Alp Arslan foi capaz de passar seu exército pelo pântano recém-criado e os dois exércitos seljúcidas se encontraram, e as forças de Kutalmish fugiram da batalha. Resul, assim como o filho de Kutalmish, Suleyman, foram feitos prisioneiros. Kutalmish escapou em meio a batalha, mas enquanto reunia suas forças para uma retirada ordenada para seu forte, Girdkuh, ele caiu de seu cavalo num terreno montanhoso e morreu em 7 de dezembro de 1063. Embora o filho de Qutalmısh, Suleyman, tenha sido feito prisioneiro, Alp Arslan o perdoou e o mandou para o exílio. Mais tarde, porém, isso provou ser uma oportunidade para ele, pois ele aproveitou a vitória de Alp Arslan em Manzikert e continuou a tomar cidades bizantinas na Anatólia e fundou o Sultanato Seljúcida de Rum em 1077, que sobreviveu a queda do Grande Império Seljúcida.


Anurshirwan (Século XI)

Na série esse homem usa o nome de Celal Alp e é criado por al-Basasiri, porém nas fontes não há nenhuma menção de que ele se escondia ou que ele teve relações com al-Basasiri. Não se sabe muita coisa sobre Anurshirwan, apenas que ele era filho da esposa de Tugrul, Altunjan, com um casamento anterior com um governante do Khurasan. Quando o Sultão Tugrul estava em Bagdá a conquistando, seu vizir, al-Kunduri, tentou depor Tugrul e colocar Anurshirwan no trono em Ray, com apoio de Altunjan, porém a conspiração foi descoberta a tempo e Tugrul permaneceu no trono. Tugrul perdoaria a esposa, o enteado e o vizir.


Abássidas:


Califa al-Qaim (1001–1075)

Al-Qaim foi um dos califas abássidas de Bagdá, tendo se tornado califa em 1031 e ficou nessa posição até sua morte. Como seus antecessores, desde 945, ele era um fantoche nas mãos dos Buyidas, uma dinastia xiita local que mal reconheciam sua soberania. Por ser uma cidade de maioria sunita mas controlada pela minoria xiita, vários distúrbios começaram. Tugrul sabia dos problemas na cidade e se ofereceu para ajudar, porém al-Qaim se negou, mas o vizir de al-Qaim, ibn Muslima, que era ferrenho inimigo dos xiitas, aceitou e os convidou para intervir. Tugrul entrou na cidade em 1055, e al-Qaim teve de reconhecer o sultanato de Tugrul (que já vinha governando desde 1038, mas sem um título oficial do califado). A partir de então, al-Qaim e seu sucessor, al-Muqtadi (1058–1094), se tornam fantoches dos seljúcidas.


Buyidas:


Al-Basasiri (? –1059)

Al-Basasiri foi um general buyida xiita de origem persa. Ele comandava as forças mamelucas (escravos turcos muçulmanos) de Bagdá, e foi um feroz inimigo de ibn Muslima, o vizir do califa al-Qaim. Al-Basasiri estava sob as ordens de Malik al-Rahim, o líder buyida de Bagdá, o homem que realmente controlava a política local e o califa. Al-Basasiri, mesmo sendo seguidor do xiismo duodecimano, recebeu apoio financeiro e militar do califa fatímida do Egito, que era xiita ismaelita. Al-Basasiri lutou para defender Bagdá ante o cerco de Tugrul em 1055, porém com a queda da cidade ele fugiu e se refugiou no norte do Iraque, onde estabeleceu novas alianças com tribos locais. Quando Tugrul saiu de Bagdá em 1057, pouco tempo após tomá-la para resolver problemas locais, al-Basasiri retomou Bagdá, porém ficou pouco tempo no poder, Tugrul voltou no final de 1058, tomou Bagdá no início de 1059 e matou al-Basasiri. Como mostra a série, realmente al-Basasiri e os fatímidas apoiaram a revolta de Ibrahim Yinal, porém al-Basasiri não participou dela, pois estava em Bagdá defendendo a cidade.


Aqui citei alguns personagens reais que aparecem na série, como Rasul Tegin e ibn Muslima, porém não descrevi sobre eles pois muito pouco se sabe da vida deles a não ser o que já está no texto acima. Assim que aparecerem mais personagens reais na série, novas postagens sobre podem surgir, já que a série ainda está em andamento.


FONTES:


BARTHOLD, W. Turkestan Down to the Mongol Invasion. London, 1928.

BASAN, Aziz. The Great Seljuqs: A History. London, 2010.

LANGE, Christian. The Seljuqs: Politics, Society and Culture. Edinburgh, 2011.








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