A QUEDA DO IMPÉRIO SELJÚCIDA – Parte 2

 Por: R. Hussein Silva


Quando Muhammad I Tapar (1085 – 1118) subiu ao trono seljúcida em 1105 enfim o império teve um pouco de paz em questões de brigas políticas, e isso fez com que Tapar pudesse voltar seus olhos para a luta contra os ismaelitas. Durante os anos de disputas pelo trono entre 1092 e 1105 os ismaelitas comandados principalmente por Dai's [Missionários] como Hassan ibn Sabbah (1034 – 1124), Abdul Malik ibn Attash e seu filho Ahmad, puderam invadir algumas fortalezas dentro do território seljúcida e ali formaram um estado dentro do estado. Apesar de não ter um território claro e nem uma autoridade centralizadora, as fortalezas dos ismaelitas estavam em conexão, e isso era o que os historiadores modernos chamam de Estado Ismaelita Nizari.

A primeira fortaleza que Tapar lançou um ataque foi a de Shahdiz, que ficava a cerca de 8 kms ao sul de Isfahan, a capital seljúcida. Shahdiz foi tomada em 1101 por Ahmad ibn Abdul Malik, e ali habitavam cerca de 30 mil pessoas, todas se converteram ao ismaelismo. Porém em 1106, quando Shahdiz foi invadida por Tapar ele massacrou os 30 mil habitantes sem dó nem piedade, e Ahmad foi levado como prisioneiro a Isfahan, e depois açoitado até a morte. Outra fortaleza ismaelita chamada Khanlanjan, 30 kms ao sul de Isfahan, também foi arrasada pelos seljúcidas [1].

Em 1107, Ahmad ibn Nizam al-Mulk (c.1090 – 1150), filho do famoso vizir Nizam al-Mulk, foi nomeado vizir por Muhammad I substituindo Sa'd al-Mulk, que havia sido recentemente executado sob suspeita de se tornar ismaelita. A nomeação se deve principalmente à reputação de seu pai. E em 1109 Tapar e seu novo vizir foram em campanha a região de Kufa no Iraque lutar contra um rebelde que se negava a pagar os tributos a Tapar chamado Sadaqa ibn Mansur, e após essa campanha ele se lançou contra Alamute, a fortaleza ismaelita capturada por Hassan Sabbah, mas sem muito sucesso. Muhammad Tapar morreu em 1118 e tentou fazer de seu filho Mahmud sultão, porém a maioria dos chefes seljúcidas reconheceram Ahmad Sencer (1085 – 1157), e por algum tempo ambos governaram juntos, Mahmud II no Iraque e Sencer no Khurasan (leste do atual Irã) porém apenas um ano depois, em 1119, Sencer derrotou Mahmud em batalha e se tornou o único Sultão seljúcida.

Em 1123 Sencer lançou uma grande campanha contra Hassan Sabbah na fortaleza de Alamute. Sabbah tentou conversar com Sencer, porém esse estava decidido a destruir a fortaleza, e o cerco durou dias. Sabbah fez com que um de seus seguidores entrasse as escondidas na tenda de Sencer e fincasse uma adaga com uma mensagem convocando o sultão a não mais lutar, adaga essa cravada ao lado de sua cama [2]. Sencer chegou a um acordo com Sabbah onde ele teria sua fortaleza desde que pagasse tributos e não construísse um exército, e a fortaleza assim fez até a morte de Sencer. Eles nunca construíram um real exército, porém seus seguidores (feda'i, em árabe) formaram os Assassinos, os temidos guerreiros da Baixa Idade Média.

Ahmed Sencer continuou a lutar contra outros impérios que surgiam nas fronteiras orientais dos seljúcidas, até ser derrotado pelos Kara Khitan em 1141, e nessa batalha Ahmad escapou com apenas quinze de seus cavaleiros de elite, perdendo todo o território seljúcida a leste.

Tanto o governo de Sanjar quanto o dos seljúcidas entraram em colapso diante de outra derrota inesperada, desta vez nas mãos da própria tribo dos seljúcidas, em 1153, sendo que Sencer foi capturado durante a batalha e mantido em cativeiro até o ano de 1156. Isso trouxe o caos para o Império, situação essa que foi explorada pelos vitoriosos turcomanos, cujas hordas começaram a invadiriam o Khorasan sem oposição, causando danos colossais na província e no prestígio de Sencer. Ahmed acabou escapando do cativeiro no outono de 1156, mas logo morreu em Merv no atual Turcomenistão, em 1157. Após a morte de Sencer, governantes seljúcidas, forças tribais turcomanas e outras potências secundárias competiram pelo Khorasan, e após um longo período de confrontos, a província foi finalmente conquistada por Khwarazmians no início do século 1200. A queda final da dinastia seljúcida se deu em 1194, quando os turcomenos derrotaram os últimos governantes desses. Já os Seljúcidas da Anatólia sobreviveram ainda até o início do século XIV.

REFERENCIAS


[1] TAJDIN, Muntaz Ali. História dos Ismaelitas. São Paulo: Rafa Editora, 2020. Pág. 53 e 54.

[2] Idem 1, pág. 55.

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