PERSONAGENS REAIS DE UYANIS BUYUK SELÇUKLU

A nova série histórica turca “Uyanis: Buyuk Selçuklu” (2020) acabou de estrear e trás personagens interessantes da história turca em seu enredo, só que agora a história se passa no estado ancestral do Império Otomano, que é o Grande Império Seljúcida, porém sem esquecer de sua rivalidade com o Sultanato Seljúcida de Rum e outros proeminentes inimigos da época. Ao contrário das séries “Dirilis Ertugrul” (2014 – 2018) e sua sucessora “Kurulus Osman” (2019 – 2020) que trazem diversos personagens que há dúvidas de sua existência, os personagens de Uyanis são quase todos de total confiabilidade histórica. Hoje vamos falar um pouco aqui no blog sobre as características e vida reais sobre cada um dos personagens da série, e nossas pespectivas para o futuro, como fizemos com Kurulus Osman. Lembrando que aqui temos apenas um resumo, se você quiser saber mais, há bons livros sobre o assunto.

Grande Império Seljúcida

Alp Arslan (1030 – 1072)

Aparece apenas no primeiro episódio, mas é um dos maiores heróis da Turquia pois abriu a passagem dos turcos para a Anatólia após vencer a Batalha de Manzikert em 1071 contra os bizantinos. Alp Arslan, cujo nome significa “Leão Heróico”, era neto de Tughril Beg, o fundador do Grande Império Seljúcida. Ele assumiu o reino após a morte de seu pai em 1063, apesar de ter que lutar contra outros que queriam o trono para si.

Malik Shah I (1055 – 1092)

Era o filho mais velho de Alp Arslan e seu sucessor direto, assumindo o trono após o assassinato do pai em 1072. Malik-Shah é conhecido principalmente por três principais fatos, o primeiro foi lutar contra seu próprio tio em 1073, que se rebelou e quis a coroa para si; o segundo foi a guerra contra a dinastia dos karakhanidas, que existiu nas fronteiras orientais de seu império, capturando várias cidades destes; e por último por ter tentado de toda forma manter o império unido, mas seu primo Suleyman Shah se rebelou na Anatólia e criou o Sultanato Seljúcida de Rum em 1076. Ele travou uma guerra muito particular contra os xiitas devido ao assassinato de seu vizir pelas mão de um xiita ismaelita, mas sua ira acabou incluso caindo sobre outras seitas xiitas que nada tinham a ver com a história.

Terken Hatum (1055 – 1094)

Foi a esposa mais conhecida de Malik-Shah, mas não a primeira. Ela pertencia a nobreza karakhanida, e se casou numa época em que karakhanidas e seljúcidas tinham mais proximidade. Ela foi a mãe do próximo governante do império, Mahmud I (g. 1092 – 1094). Após o assassinato do marido em 1092 ela governou o império como regente do sucessor nominal, Mahmud I, que ainda era uma criança, entrando em choque com a própria corte e com o califa abássida, que tentava controlar o império seljúcida.

Ahmed Sanjar (c. 1075 – 1157)

Era o filho mais velho de Malik-Shah, tendo ele participado na guerra de sucessão após a morte do pai tomando partido de Muhammad Tapar, e durante o governo deste acabou recebendo a província do Khurasan para governar em 1096. Ali ele pode ajudar a repelir vários ataques contra o império entre 1102 e 1107. Em 1117 ele marchou para lutar contra os ghaznavidas, cujo poder crescia onde hoje é o Afeganistão. Após muitas lutas contra seus parentes e após a morte de Muhammad Tapar, ele ascendeu ao trono seljúcida em 1119, e ficou neste até sua morte.

Muhammad I Tapar (1082 – 1118)

Era um dos filhos de Malik-Shah I que tentou ascender ao trono após a morte do pai, porém acabou durante algum tempo ficando a merce de seus irmãos. Ele ascendeu ao trono no exílio, em 1105, em Bagdá, com o apoio do califa abássida, e dali controlou algumas regiões do império, mas acabou por ser vassalo dos abássidas durante um bom tempo. Suas forças tomaram duas fortalezas dos xiitas ismaelitas.

Nizam al-Mulk (1018 – 1092)

Foi o mais conhecido vizir do Grande Império, tendo atuado nessa função tanto durante o governo de Tugril Beg, Alp Arslan e no de seu filho Malik-Shah, que tinha grande estima por ele. Esse não era seu nome verdadeiro, ele se chamava Hassan ibn Ali Tusi, porém era chamado de Nizam al-Mulk que significa “Ordem do Rei”. Ele tinha muitos conhecimentos políticos, pois já vinha de uma família de políticos que tinham atuado junto aos ghaznávidas. Ele foi assassinado por um membro da ordem dos assassinos a mando de Hassan ibn Sabbah, que via nele um empecilho para vários de seus planos.

Religiosos

Al-Ghazali (1058 – 1111)

Foi um teólogo, astrónomo, filósofo e poeta persa, sendo suas obras estudadas até os dias atuais. Al-Ghazali era sufi, tendo aprendido os caminhos místicos desde cedo, como era comum a aquela época e local. Sua obra mais famosa foi “A Incoerência dos Filósofos” na qual ele criticava Aristóteles e Platão, e por defender a teologia ashari (que já falamos aqui no blog, link nas notas).

Ismaelitas

Hassan ibn Sabbah (1050 – 1124)

Mais conhecido como “Velho da Montanha”. Ele nascera como xiita duodecimano, um xiismo menos radical, porém ao se encontrar com um da'i (missionário) ismaelita, ele se converteu a essa seita do islam, que na época era conhecida como “batiniyyah” (aquilo que está escondido). Ele tomou uma fortaleza chamada Alamute no norte do atual Irã, e ali fundou a Ordem dos Assassinos, que visava desferir ataques contra lideranças políticas para disseminar o medo entre aqueles que ele queria que o obedecessem.

Abdul-Malik ibn Attash (Séculos XI e XII)

Foi um da'i (missionário) ismaelita que atuava a mando do Califado Fatimída. Foi um dos mestres de Hassan ibn Sabbah ensinando-lhe religião. Em 1101 ele tomou uma fortaleza próxima a Isfahan, convertendo seus 30 mil moradores em ismaelitas, fortalecendo sua causa, e transformando-a numa nova Alamute. Ele foi vítima da ira dos seljúcidas contra os ismaelitas após assassinatos de importantes lideranças políticas dos seljúcidas.

Notas

Textos que podem ajudar na compreensão desse texto:

http://estudosislamicos.blogspot.com/2020/08/o-surgimento-do-imperio-otomano-2.html

http://estudosislamicos.blogspot.com/2019/02/a-escola-de-teologia-ashari.html