O REINO CRISTÃO DOS GHASSÂNIDAS


Os Ghassânidas (do árabe “Al-Ghasasinah”, também chamados de “Banu Ghassan”, ou seja, Tribo de Ghassan) são descendentes de um grupo de povos sedentários (não nômades) cristãos da Arábia do Sul que emigraram no início do terceiro século do Iêmen para o Hauran, no sul da Síria, Jordânia e Palestina, onde alguns se casaram com colonos romanos helenizados e gregos cristãos primitivos, tornando-se talvez algumas das primeiras nações “cosmopolitas” do mundo, beneficiando-se da modernidade do Ocidente sem perder suas raízes árabes.

Dizem que os Ghassânidas vieram da cidade histórica de Ma'rib no Iêmen, do Reino de Sabá, notória em vários relatos históricos, incluindo as principais escrituras sagradas [Antigo Testamento]. Havia uma barragem lendária em Ma'rib que sofreu várias rupturas, porém no início do terceiro século d.C, havia tanta chuva e grandes alagamentos, que a represa foi levada pela inundação que se seguiu, forçando as pessoas e a família real a emigrar, procurando viver em terras menos áridas e se tornando dispersas e distantes. Os emigrantes eram da tribo árabe do sul de Azd do ramo Kahlan das tribos Qahtani. Os verdadeiros fundadores da dinastia Ghassânida eram príncipes do reino sabeu.

O príncipe Jafna Ibn Amr, um dos quatro filhos do rei de Sabá, e partiu para o norte com sua família e se estabeleceu em Hauran (ao sul de Damasco), onde o estado dos Ghassânidas foi fundado. Ele se tornou o primeiro rei de Ghassânida em 220 d.C. Por volta desse período, supõe-se que os Ghassânidas adotaram a religião do cristianismo.

Os Ghassânidas estavam a zona de segurança contra os beduínos que penetravam no território romano. A capital ficava em Jabiyah, nas colinas de Golan. Geograficamente, ocupava grande parte da Síria, do Monte Hermon (Líbano), Jordânia, oeste do Iraque e Israel, e sua autoridade se estendia através de alianças tribais com outras tribos Azdi, até o norte de Hijaz e até Yathrib (Medina). As ruínas de palácios, igrejas, mosteiros, banhos públicos e aquedutos em Houran são evidência de sua cultura e civilização.

A principal preocupação do Império Bizantino era a outra superpotência competidora da época, os persas sassânidas. Os Ghassânidas mantiveram seu domínio como guardiões das rotas comerciais e como policiais das tribos beduínas. Os Ghassânidas, que haviam se oposto com sucesso aos lakhmidas que eram aliados dos persas de al-Hirah (sul do Iraque e norte da Arábia Saudita), prosperaram economicamente e se engajaram em muitas construções religiosas e públicas. Eles também patrocinaram as artes e patrocinaram poetas como Nabighah adh-Dhubyani e Hassan Ibn Thabit. Os reis de Ghassânidas eram "viciados" em poesia.

Os Ghassânidas permaneceram como um estado aliado bizantino até que seus governantes foram derrotados e derrubados pelos muçulmanos no século VII após a Batalha de Yarmuk em 636 d.C.

Se sabe que Jabalah IV, o último rei Ghassânida do império, e seus seguidores não se converteram ao islamismo. Alguns relatos contam que o rei foi forçado a se converter e depois escapou e se voltou para o cristianismo. Os Ghassânidas não estavam interessados ​​em desistir de seu status real, então o rei Jabalah retornou à terra bizantina com cerca de trinta mil Ghassânidas formando o que é conhecido hoje como "governo" no exílio”. Também se sabe que seu filho mais velho foi para o Líbano de hoje, estabelecendo a família El Chemor (ou Shammar, ou Shummar) na cidade de Akoura. Também é confirmado que seus descendentes governaram a mesma cidade (a maior cidade cristã na época com 40 igrejas) no século XIII [como vassalos dos califas]. Outros príncipes dos Ghassânidas tentaram reconstruir o reino várias vezes com pequenos principados em todo o Oriente Médio, Grécia (Rodes) e até mesmo na Espanha.

Eles mantiveram um alto status nobre dentro do Império Bizantino até o século IX, quando o Imperador Nicéforo I alegou ser o chefe da Dinastia Ghassânida. A dinastia Phocida (ou de Nicéforo) governou o Império Bizantino de 802 a 813. Nicéforo foi creditado por seus esforços como uma tentativa de reviver a grandeza do Império Bizantino. Ele foi o primeiro imperador bizantino a se recusar a pagar o tributo ao califa de Bagdá e a reconhecer o status imperial de Carlos Magno. Ele foi traído por seus próprios oficiais e depois derrotado.

Os Sheik's El Chemor foram os últimos soberanos a governar, tendo os títulos dos sucessores reais da casa Ghassânida até 1747 d.C. Esses governaram toda a rica região agrícola de Akoura desde 1211. Eles governaram o Zawiya de 1641 a 1747 e tomaram Kfarhata perto de Zgharta. Durante este período, muitos problemas ocorreram entre os Sheik's Chemor e os Sheik's Daher, o que levou um dos Chemors a fugir da aldeia e refugiar-se numa pequena aldeia na colina de Jbeil, Beit Habbak, de onde uma grande ramificação da família Chemor teve lugar, originando, entre outros, a família Gharius.

A maioria dos Ghassânidas permaneceram cristãos e alguns ficaram no Levante [Síria e Líbano atuais]. A dinastia Ghassânida é também composta pelo império romano oriental (ou bizantino), isso faz da dinastia não exclusivamente árabe, mas árabe romanizada e helenizada. De maneira simplista, a dinastia Ghassânida tem “um pé” no Oriente Médio e “um pé” na Europa. Além disso, há mais de um século, a grande maioria dos Ghassânidas (70 a 80%) não vive no Oriente Médio e nem sequer fala árabe devido à perseguição iniciada na conquista islâmica e continuada pelo Império Otomano. Somente no Brasil, a colônia libanesa em cerca de 10 milhões de pessoas (imigrantes e descendentes). Há um par de milhões na América Latina e cerca de 3 milhões nos Estados Unidos. A atual população libanesa é de cerca de 4 milhões. Que curiosamente faz com que a principal língua dos Ghassânidas seja o português, o espanhol e o inglês, e não o árabe.

Traduzido de: http://www.royalghassan.org/history.html 





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