O REINO CRISTÃO DOS GHASSÂNIDAS
Os Ghassânidas (do árabe
“Al-Ghasasinah”, também chamados de “Banu Ghassan”, ou
seja, Tribo de Ghassan) são descendentes de um grupo de povos
sedentários (não nômades) cristãos da
Arábia do Sul que emigraram no início do terceiro
século do Iêmen para o Hauran, no sul da Síria,
Jordânia e Palestina, onde alguns se casaram com colonos
romanos helenizados e gregos cristãos primitivos, tornando-se
talvez algumas das primeiras nações “cosmopolitas”
do mundo, beneficiando-se da modernidade do Ocidente sem perder suas
raízes árabes.
Dizem que os Ghassânidas
vieram da cidade histórica de Ma'rib no Iêmen, do Reino
de Sabá, notória em vários relatos históricos,
incluindo as principais escrituras sagradas [Antigo Testamento].
Havia uma barragem lendária em Ma'rib que sofreu várias
rupturas, porém no início do terceiro século
d.C, havia tanta chuva e grandes alagamentos, que a represa foi
levada pela inundação que se seguiu, forçando as
pessoas e a família real a emigrar, procurando viver em terras
menos áridas e se tornando dispersas e distantes. Os
emigrantes eram da tribo árabe do sul de Azd do ramo Kahlan
das tribos Qahtani. Os verdadeiros fundadores da dinastia Ghassânida
eram príncipes do reino sabeu.
Os Ghassânidas estavam a
zona de segurança contra os beduínos que penetravam no
território romano. A capital ficava em Jabiyah, nas colinas de
Golan. Geograficamente, ocupava grande parte da Síria, do
Monte Hermon (Líbano), Jordânia, oeste do Iraque e
Israel, e sua autoridade se estendia através de alianças
tribais com outras tribos Azdi, até o norte de Hijaz e até
Yathrib (Medina). As ruínas de palácios, igrejas,
mosteiros, banhos públicos e aquedutos em Houran são
evidência de sua cultura e civilização.
A principal preocupação
do Império Bizantino era a outra superpotência
competidora da época, os persas sassânidas. Os
Ghassânidas mantiveram seu domínio como guardiões
das rotas comerciais e como policiais das tribos beduínas. Os
Ghassânidas, que haviam se oposto com sucesso aos lakhmidas que
eram aliados dos persas de al-Hirah (sul do Iraque e norte da Arábia
Saudita), prosperaram economicamente e se engajaram em muitas
construções religiosas e públicas. Eles também
patrocinaram as artes e patrocinaram poetas como Nabighah
adh-Dhubyani e Hassan Ibn Thabit. Os reis de Ghassânidas eram
"viciados" em poesia.
Se sabe que Jabalah IV, o último
rei Ghassânida do império, e seus seguidores não
se converteram ao islamismo. Alguns relatos contam que o rei foi
forçado a se converter e depois escapou e se voltou para o
cristianismo. Os Ghassânidas não estavam interessados
em desistir de seu status real, então o rei Jabalah
retornou à terra bizantina com cerca de trinta mil Ghassânidas
formando o que é conhecido hoje como "governo" no
exílio”. Também se sabe que seu filho mais velho foi
para o Líbano de hoje, estabelecendo a família El
Chemor (ou Shammar, ou Shummar) na cidade de Akoura. Também é
confirmado que seus descendentes governaram a mesma cidade (a maior
cidade cristã na época com 40 igrejas) no século
XIII [como vassalos dos califas]. Outros príncipes dos
Ghassânidas tentaram reconstruir o reino várias vezes
com pequenos principados em todo o Oriente Médio, Grécia
(Rodes) e até mesmo na Espanha.
Eles mantiveram um alto status
nobre dentro do Império Bizantino até o século
IX, quando o Imperador Nicéforo I alegou ser o chefe da
Dinastia Ghassânida. A dinastia Phocida (ou de Nicéforo)
governou o Império Bizantino de 802 a 813. Nicéforo foi
creditado por seus esforços como uma tentativa de reviver a
grandeza do Império Bizantino. Ele foi o primeiro imperador
bizantino a se recusar a pagar o tributo ao califa de Bagdá e
a reconhecer o status imperial de Carlos Magno. Ele foi traído
por seus próprios oficiais e depois derrotado.
A maioria dos Ghassânidas
permaneceram cristãos e alguns ficaram no Levante [Síria
e Líbano atuais]. A dinastia Ghassânida é também
composta pelo império romano oriental (ou bizantino), isso faz
da dinastia não exclusivamente árabe, mas árabe
romanizada e helenizada. De maneira simplista, a dinastia Ghassânida
tem “um pé” no Oriente Médio e “um pé”
na Europa. Além disso, há mais de um século, a
grande maioria dos Ghassânidas (70 a 80%) não vive no
Oriente Médio e nem sequer fala árabe devido à
perseguição iniciada na conquista islâmica e
continuada pelo Império Otomano. Somente no Brasil, a colônia
libanesa em cerca de 10 milhões de pessoas (imigrantes e
descendentes). Há um par de milhões na América
Latina e cerca de 3 milhões nos Estados Unidos. A atual
população libanesa é de cerca de 4 milhões.
Que curiosamente faz com que a principal língua dos
Ghassânidas seja o português, o espanhol e o inglês,
e não o árabe.
Traduzido de: http://www.royalghassan.org/history.html
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